quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Mario Vargas Llosa, sobre Lisboa, Saramago, Lobo Antunes e Pessoa

Gosto muito de Lisboa, sobretudo como a parte velha se conservou e está viva dentro da cidade moderna. Há qualquer coisa de tradicional que dá um ritmo especial à vida em Lisboa, de que gosto muito. Fiquei sempre com uma magnifica impressão, é uma cidade com muita personalidade, onde a vida parece que vai mais lenta do que noutras partes. As livrarias são muito bonitas. As velhas tascas, tão simpáticas, de ambiente tão acolhedor. É uma cidade muito literária, não? (...)

Apesar de termos muitas diferenças politicas, éramos muito amigos. E sou muito amigo de Pilar, sua viúva. Creio que Saramago contribuiu muito para impregnar Lisboa de imagens literárias. É impossível chegar a Lisboa sem sentir a presença da literatura, que está impregnada nas ruas. Gostaria muito de escrever aí, nos cafés, nas ruas. (...) Gosto da coisa enlouquecida que têm os seus romances (António Lobo Antunes), que começam na realidade e disparam sempre para um mundo visionário, quase fantástico. Um escritor muito interessante, em contraponto com Saramago, que era mais apegado ao mundo objectivo. Complementam-se. (...)

Li muito em português. Gosto muito da língua, acho-a bela, musical, poética, literária. Li toda a obra do Pessoa em português, mesmo havendo boas traduções. Sou um grande admirador do Pessoa.

Mario Vargas Llosa, em entrevista para a Sábado

Nunca li nada de Vargas Llosa, penso só ter ouvido falar dele aquando do prémio nobel que ganhou em 2010. Mas vê-lo falar assim faz-me orgulhoso.

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